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Bombas de combustível: parece que certas coisas sempre existiram
Ciência & Tecnologia
Publicado em 22/01/2024

Bombas de combustível:  parece que certas coisas sempre existiram

Vivaldo José Breternitz (*)

Frequentemente temos a sensação de que determinadas coisas sempre existiram; elas estão tão presentes em nossa vida cotidiana que nos esquecemos de que alguém desenvolveu tecnologia que veio a tornar essas coisas fontes de comodidade para nossa vida diária.

Na segunda metade do século XIX, o principal derivado do petróleo era o querosene, que era utilizado principalmente como combustível para iluminação, aquecimento e cozinha. A gasolina era outro derivado do petróleo, utilizado para os mesmos fins, mas, também e principalmente, para limpeza em ambientes fabris.

Quando uma pessoa desejava comprar querosene ou gasolina, ia a um armazém, levando uma lata ou balde. Ali, o comerciante retirava o produto de um barril e o passava para o recipiente trazido pelo comprador; era um trabalho pesado, sujo e perigoso; com frequência parte do material era desperdiçado.

Um empreendedor americano, Sylvanus Freelove  Bowser,  procurando melhorar esse processo, em 1885 construiu uma bomba, que vendeu a Jake Gumper , um comerciante de Fort Wayne,  Indiana. Nascia a bomba de gasolina, antes mesmo de que nascesse o automóvel.  Rapidamente outros comerciantes procurarem Bowser, que em 1887 patenteou seu invento e criou a S.F. Bowser Company; modelos mais aperfeiçoados começaram a ser vendidos às primeiras oficinas de automóveis em 1893.   

Até esse momento, eram essas oficinas que vendiam gasolina, passando-a de um barril de aço para um latão com capacidade para cinco galões (cerca de 20 litros). A seguir, a gasolina era passada do latão para o tanque dos automóveis com o auxílio de um funil, que tinha um filtro de tecido para evitar que impurezas fossem para o tanque do carro – aqui também um trabalho pesado, sujo, perigoso, gerador de desperdícios.

Em 1905, Bowser chegou à bomba que começou a se parecer com as atuais: um tanque metálico instalado em um gabinete de madeira, com uma bomba manual que permitia determinar a quantidade de combustível a ser fornecida, e outra novidade: uma mangueira que poderia ser levada à boca do tanque do veículo. Bowser chamou esse dispositivo “Bowser Self-Measuring Gasoline Storage Pump”.

O fato é que a bomba de Bowser fez um sucesso tão grande (a indústria de automóveis também vivia um boom na época), que a palavra “bowser” acabou se tornando um sinônimo de bomba de gasolina, ainda sendo usada nesse sentido em alguns países, especialmente Austrália e Nova Zelândia.

Em muitos lugares são chamados bowsers os caminhões que abastecem aviões nos aeroportos; na Inglaterra os caminhões tanque recebem esse nome.

Bowser morreu em 1938. Mais tarde, o controle de sua empresa, que fabricava outros produtos, como sistemas para purificação de óleo, foi adquirido pela Keene Corporation, que acabou quebrando em 1993, principalmente por ter sofrido um grande número de ações judiciais relativas à utilização de asbestos, um material cancerígeno, em seus produtos.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.

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