Sharenting e seus riscos
Vivaldo José Breternitz (*)
A prática de compartilhar fotos dos filhos nas redes sociais, conhecida como sharenting, tem se tornado cada vez mais comum. O termo é uma junção das palavras em inglês “share” (compartilhar) e “parenting” (paternidade/maternidade).
O sharenting frequentemente registra cada passo da vida das crianças, às vezes desde o ultrassom no ventre da mãe. No entanto, essa prática pode expor as crianças a uma série de riscos, tanto imediatos quanto no longo prazo, como bem disse o jornalista Norberto Notari em recente matéria para a Agência Radioweb.
Talvez os maiores destes riscos sejam os ligados à segurança, pois ao compartilhar informações detalhadas sobre a vida das crianças, podemos, inadvertidamente, expô-las a assédio e exploração através da criação de vídeos e imagens pornográficas falsas, bullying, roubo de identidade etc.
O sharenting pode também trazer consequências psicológicas significativas para as crianças. A constante exposição pode levar a sentimentos de invasão de privacidade e falta de controle sobre a própria imagem. Crianças que crescem com uma presença online constante podem sentir-se pressionadas a manter e expor uma certa imagem ou comportamento, o que pode afetar sua autoestima e desenvolvimento emocional.
Obviamente, não se sugere que imagens de nossas crianças sejam completamente banidas das redes sociais, mas algumas práticas podem ser adotadas no sentido de diminuir os riscos.
Dentre essas práticas estão limitar a quantidade de informações compartilhadas, não publicando detalhes como nome completo, data de nascimento e endereços. A maior parte das redes sociais possui funcionalidades de configuração que permitem definir quem pode ver as postagens, não as tornando totalmente públicas.
Também é oportuno revisar regularmente o conteúdo compartilhado, removendo postagens sensíveis ou desatualizadas, além de falar às crianças acerca dos riscos relativos ao uso da internet
Proteger a privacidade e a segurança das crianças deve ser uma prioridade; ao adotar práticas seguras e refletir sobre o impacto do sharenting a longo prazo, é possível compartilhar momentos especiais sem comprometer o bem-estar das crianças.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.