O aterramento de áreas costeiras: um risco aos biomas
Vivaldo José Breternitz (*)
O aterramento de áreas costeiras é uma prática que consiste em preencher, usualmente com terra, lixo ou entulho, áreas úmidas, como manguezais, estuários e pântanos, visando permitir a expansão da área construída.
Aqui no Brasil são exemplos clássicos dessa prática o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e a expansão da área de praia em Balneário Camboriu.
A maioria desses aterramentos buscou viabilizar a expansão de portos, espaços urbanos e industriais. Em alguns casos, foram feitos aterros que foram chamados pelos pesquisadores “projetos de prestígio”, como as ilhas em forma de palmeira construídas em Dubai.
Aterros de áreas costeiras impactam fortemente o bioma costeiro, muitas vezes eliminando áreas úmidas e afetando biomas de forma irreversível, especialmente manguezais, restingas e recifes de coral.
Aterrar áreas costeiras não é algo novo, mas entre os anos 2000 e 2020 houve um aumento significativo nessa atividade, com estudos mostrando que nesse período foram tomados ao mar cerca de 2.500 quilômetros quadrados, uma área equivalente à de Luxemburgo.
Usando imagens do satélite Landsat, pesquisadores da Universidade de Southampton analisaram mudanças desse tipo acontecidas no entorno de 135 cidades com mais de um milhão de habitantes.
Os resultados da pesquisa, publicados na revista Earth's Future, mostram que 106 dessas cidades, localizadas principalmente na China, Indonésia e Emirados Árabes Unidos foram os responsáveis pela maior parte dos aterros; somente a cidade de Xangai adicionou cerca de 350 quilômetros quadrados à sua área.
Ironicamente, grande parte dessas novas terras não durará muito, pois mais de dois terços delas provavelmente serão atingidas pelo aumento do nível do mar até o final do século.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas
Projeto desenvolvido pela EDUCA WEB RADIO com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) 2024.
Com o tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”, a EDUCA se une a essa iniciativa para promover o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no Brasil.
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