O uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) para agilizar tarefas no ambiente corporativo tem se tornado comum, mas nem sempre o resultado é positivo. O australiano Michael Williams, dono da End of Lease Cleaning Melbourne, uma empresa de limpeza especializada em imóveis no fim de contrato de aluguel, é prova disso: ao tentar agilizar a resposta a orçamentos por e-mail com ajuda de IA, acabou acumulando um prejuízo de cerca de R$ 6,7 mil (equivalente a AU$ 2 mil).

Antes da automação, Williams e sua equipe passavam até cinco horas por dia respondendo clientes. A solução encontrada foi usar uma ferramenta de IA generativa: bastava descrever o serviço solicitado, que o sistema produzia automaticamente um e-mail com as informações e o valor do orçamento.

A princípio, a ideia parecia funcionar, a empresa passou a responder os e-mails em apenas uma hora. Mas logo vieram os problemas. A ferramenta começou a incluir serviços não solicitados ou a detalhar tarefas de forma incorreta, como “limpeza completa das paredes” no lugar de “limpeza pontual”, sem atualizar os valores cobrados.

Em um caso específico, a IA calculou um orçamento muito abaixo do necessário para limpar uma casa suja. O erro passou despercebido, e a equipe realizou todo o serviço mesmo assim, arcando com os custos extras.

Esses erros se repetiram por semanas, gerando prejuízos cumulativos. O pior caso, segundo o empresário, aconteceu em março. Um cliente solicitou um orçamento para a limpeza de um imóvel em péssimas condições. A IA gerou uma proposta detalhada, mas com um valor abaixo do que o serviço realmente custaria. Sem tempo de revisar todos os orçamentos manualmente, o e-mail foi enviado e aceito pelo cliente.

“Simplesmente fizemos o trabalho e absorvemos o prejuízo. Não era culpa do cliente, o erro foi nosso”, contou Williams ao site australiano 9News.

No total, esse episódio gerou um prejuízo de cerca de R$ 6,7 mil. Depois disso, o empresário repensou toda a estratégia de automação. Agora, a IA continua sendo usada para gerar e-mails, mas todo o conteúdo passa por revisão antes de ser enviado aos clientes. Além disso, a equipe está sendo treinada para identificar inconsistências e garantir que o orçamento reflita exatamente o serviço solicitado.

“Essas ferramentas economizam tempo, mas ainda precisam de supervisão. Elas não entendem contexto como uma pessoa entende. No fim, é você quem responde pelos erros — não a IA”, alerta ele.

Fonte: https://revistapegn.globo.com/tecnologia/noticia/2025/04/ceo-tem-prejuizo-de-r-67-mil-ao-tentar-agilizar-rotina-com-e-mails-enviados-por-ia.ghtml