IBM comemora 69 anos do primeiro disco rígido
Vivaldo José Breternitz (*)
Em setembro de 1956, a IBM anunciou o primeiro disco rígido da história, o RAMAC 350 Disk Storage Unit.
O RAMAC, acrônimo para "Random Access Method of Accounting and Controle" era um equipamento gigantesco que iniciou uma revolução na forma de armazenar dados em ambiente digital.
O sistema tinha capacidade para armazenar 3,75 MB distribuídos em 50 pratos magnéticos de 24 polegadas cada um, girando a 1.200 rotações por minuto; a máquina pesava mais de uma tonelada – seu tamanho equivalia ao de duas geladeiras domésticas.
Projetado para operar junto ao computador IBM RAMAC 305, baseado em válvulas, segundo a IBM o 350 permitia acesso a informações com velocidade “exponencialmente superior” às tecnologias anteriores, como fitas magnéticas e cartões perfurados.
A inovação transformou o mundo corporativo: empresas puderam substituir volumosos arquivos físicos e reduzir a dependência de operadores humanos. O RAMAC 350 abriu caminho para o uso dos bancos de dados relacionais e serviu de base para avanços que vão desde a exploração espacial até caixas eletrônicos, mecanismos de busca, comércio eletrônico e inteligência artificial.
Na prática, os 3,75 MB oferecidos equivaliam a cerca de 62.500 cartões perfurados, ou aproximadamente cinco milhões de caracteres de texto – hoje, smartphones baratos tem capacidade para armazenar 256GB, algo impensável em 1956; 256GB são cerca de oitenta mil vezes mais que 3,75MB.
Em 1956 a novidade representava um gigantesco salto tecnológico, cujo uso custava caro; se hoje um HD de 26 TB pode ser comprado no Brasil por cerca de R$ 5 mil, naquela época, quando a IBM não vendia os seus produtos, apenas alugava-os, o aluguel mensal de um computador RAMAC 305 com o novo disco rígido RAMAC 350, custava cerca de US$ 38 mil atuais.
E embora haja quem veja o HDD como tecnologia em declínio diante dos SSDs, eles permanecem importantes no mundo da tecnologia da informação: estima-se que em 2028 existirão discos rígidos de 60TB e até 2037, estarão no mercado discos de 100TB.
Especialistas acreditam também que as vendas desses dispositivos chegarão a 208 milhões de unidades em 2028 e 359 milhões em 2037, pois, principalmente em função da inteligência artificial, aumentará a necessidade de armazenamento massivo barato e com desempenho razoável, sendo os discos rígidos os candidatos naturais a atender a essa necessidade.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.