O Leonidas: uma arma antidrones
Vivaldo José Breternitz (*)
Se existiam dúvidas, os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio fizeram com que elas acabassem: os drones estão mudando a forma com que se faz a guerra.
Um drone projetado para uso civil, mesmo que apenas para fins recreativos, quando equipado com uma câmera, pode se tornar uma ferramenta ágil e eficiente para reconhecimento. O mesmo drone, improvisadamente armado com explosivos, pode atacar com sucesso tropas abrigadas e blindados.
Pelo seu custo baixo, fica fácil lançar um enxame desses drones e controla-los com o uso de inteligência artificial não muito sofisticada. A defesa eficaz contra um desses enxames se torna quase impossível, mesmo para tropas bem organizadas e equipadas.
Imaginemos que uma força lance um enxame de 20 drones e os defensores consigam abater 19; isso parece ser um sucesso, pois nem toda ação defensiva destrói 95% da força atacante. Mas se cada um dos drones custar US$ 2.000 e o único drone que sobreviver destruir um tanque de US$ 4 milhões, temos que admitir que o ataque terá sido bem sucedido.
A indústria de defesa tem respondido à ameaça trazida pelos drones com diversas soluções, principalmente utilizando armas existentes e modificando-as para a função de defesa aérea de curto alcance. Essas soluções incluem o uso de metralhadoras, canhões automáticos de pequeno calibre, mísseis e até mesmo lasers.
Em termos práticos, quase sempre, essas armas só conseguem destruir um único drone por tiro, pois elas precisam detectar o drone, rastreá-lo, fixá-lo e disparar, nem sempre acertando o alvo. Atacando um enxame, esse processo deve ser repetido diversas vezes, significando quase nunca todos os drones serão destruídos antes que o enxame atinja seu alvo.
O exército americano vem testando uma tecnologia que parece promissora para enfrentar enxames de drones: trata-se de um sistema que dispara um grande feixe de micro-ondas, capaz de atingir vários drones ao mesmo tempo, dizimando o enxame que chega – alguns dizem que a arma é um “lança-chamas eletromagnético”.
A arma foi desenvolvida pela Epirus, empresa que desde 2018 desenvolve sistemas para combate a drones – ela já entregou ao exército um protótipo do que vem sendo chamado “Indirect Fire Protection Capability – High-Power Microwave (IFPC-HPM)” ou mais informalmente “Leonidas”.
O protótipo, que pode ser montado sobe diversos tipos de veículos, será testado extensivamente buscando também amadurecer a tecnologia e determinar sua eficácia contra uma ampla variedade de sistemas aéreos não tripulados.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.