A frase resume, com precisão incômoda, o ambiente no qual micro, pequenas, médias e grandes empresas operam hoje no Brasil. Anunciam-se reformas, ajustes e novos ciclos econômicos, mas a sensação predominante no setor produtivo é a de movimento sem avanço real.
Ao longo de mais de duas décadas, com o PT no poder na maior parte desse período, o país alternou momentos de crescimento pontual com longos ciclos de desaceleração. Independentemente de posicionamentos ideológicos, o fato concreto é que o Brasil segue enfrentando baixa previsibilidade econômica, carga tributária complexa, custos elevados de operação e um ambiente regulatório instável. Para as empresas, isso se traduz em dificuldade de planejar, investir e crescer de forma sustentável.
As micro e pequenas empresas, que já operam no limite do caixa, sentem primeiro os efeitos da estagnação: crédito caro, consumo retraído, aumento de obrigações acessórias e insegurança jurídica. Muitas sobrevivem mais pela resiliência do empreendedor do que por um ambiente favorável aos negócios. As médias empresas, por sua vez, ficam presas em um “limbo” — grandes demais para receber incentivos simples, pequenas demais para acessar financiamentos robustos e proteção institucional. Já as grandes empresas, embora mais estruturadas, enfrentam entraves macroeconômicos, incertezas fiscais e riscos jurídicos que afetam decisões de longo prazo, como expansão, inovação e geração de empregos.
Nesse cenário, o protagonismo crescente do Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, também entra no radar do empresariado. Decisões relevantes envolvendo temas fiscais, trabalhistas, regulatórios e institucionais, impactam diretamente o ambiente de negócios. Para alguns agentes econômicos, essas intervenções trazem estabilidade; para outros, ampliam a percepção de ativismo judicial e imprevisibilidade, fatores que elevam o chamado “custo Brasil”.
O resultado prático é um país onde regras mudam, discursos se renovam e agendas são anunciadas, mas as dificuldades estruturais permanecem. As empresas se adaptam, ajustam processos, reduzem margens e inovam como podem, mas seguem operando em um contexto que não estimula o risco produtivo nem recompensa quem investe no longo prazo.
No fim, a provocação da frase permanece atual: muda-se o discurso, mudam-se os instrumentos, mas mantém-se um modelo que dificulta a competitividade, a produtividade e o crescimento consistente. Para as empresas brasileiras, o verdadeiro desafio não é lidar com mais mudanças aparentes, e sim esperar — e cobrar — transformações que criem um ambiente econômico estável, previsível e capaz de romper, de fato, com a estagnação.
Professor Fulvio Cristofoli
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